Tem gente perto demais de deus
Tem gente que não deixa deus sozinho
E diz deus ilumine seu caminho
E guarda deus na cristaleira
Cristo perto dos cristais
Cristo assim perto demais
Cristo já é um de nós
Carne e osso pão e vinho
Tem gente que não deixa deus em paz
Tem gente incapaz de viver sem deus
E o trata como um funcionário seu
Deus me livre, deus me guarde, deus me faça a feira
Cristo dentro da carteira
Dez por cento rei dos reis
Cristo um conto de réis
O garçom não a videira
Essa gente é o diabo e faz da vida de deus um inferno
Chico Buarque
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague
Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague
(Zé Ramalho)
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê, povo feliz
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou
O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela
Esperam nova possibilidade
De ver esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se pode flutuar
* - Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1962
+ - Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2001
(Paulinho da Viola - Elton Medeiros)
Canto
Pra dizer que no meu coração
Já não mais se agitam as ondas de uma paixão
Ele não é mais abrigo de amores perdidos
É um lago mais tranqüilo
Onde a dor não tem razão
Nele a semente de um novo amor nasceu
Livre de todo rancor, em flor se abriu
Venho reabrir as janelas da vida
E cantar como jamais cantei
Esta felicidade ainda
Quem esperou, como eu, por um novo carinho
E viveu tão sozinho
Tem que agradecer
Quando consegue do peito tirar um espinho
É que a velha esperança
Já não pode morrer
Preciso refrear um pouco o meu desejo de ajudar
Não vou mudar um mundo louco dando socos para o ar
Não posso me esquecer que a pressa
É a inimiga da perfeição
Se eu ando o tempo todo a jato, ao menos
Aprendi a ser o último a sair do avião
Preciso me livrar do ofício de ter que ser sempre bom
Bondade pode ser um vício, levar a lugar nenhum
Não posso me esquecer que o açoite
Também foi usado por Jesus
Se eu ando o tempo todo aflito, ao menos
Aprendi a dar meu grito e a carregar a minha cruz
Cada coisa em seu lugar
A bondade, quando for bom ser bom
A justiça, quando for melhor
O perdão:
Se for preciso perdoar
Agora deve estar chegando a hora de ir descansar
Um velho sábio na Bahia recomendou: "Devagar"
Não posso me esquecer que um dia
Houve em que eu nem estava aqui
Se eu ando por aí correndo, ao menos
Eu vou aprendendo o jeito de não ter mais aonde ir
Cada tempo em seu lugar
A velocidade, quando for bom
A saudade, quando for melhor
Solidão:
Quando a desilusão chegar
And when I go away
I know my heart can stay with my love
It's understood
It's in the hands of my love
And my love does it good
Whoa-whoa-whoa-whoa, whoa-whoa-whoa-whoa
My love does it good
And when the cupboard's bare
I'll still find something there with my love
It's understood
It's everywhere with my love
And my love does it good
Whoa-whoa-whoa-whoa, whoa-whoa-whoa-whoa
My love does it good
Whoa-whoa, I love, oh-whoa, my love
Only my love holds the other key to me
Oh-whoa, my love, oh-oh, my love
Only my love does it good to me
Whoa-whoa-whoa-whoa, whoa-whoa-whoa-whoa
My love does it good
Don't ever ask me why
I never say goodbye to my love
It's understood
It's everywhere with my love
And my love does it good
Whoa-whoa-whoa-whoa, whoa-whoa-whoa-whoa
My love does it good
Whoa-whoa, I love, oh-whoa, my love
Only my love does it good to me
Whoa-whoa-whoa-whoa-whoa-whoa-whoa-whoa-whoa
I can't wait another day until I call you
You've only got my heart on a string and everything a-flutter
But another lonely night might take forever
We've only got each other to blame
It's all the same to me love
'Cause I know what I feel to be right
No more lonely nights
No more lonely nights
You're my guiding light
Day or night I'm always there
May I never miss the thrill of being near you
And if it takes a couple of years
To turn your tears to laughter
I will do what I feel to be right
No more lonely nights
Never be another
No more lonely nights
You're my guiding light
Day or night I'm always there
And I won't go away until you tell me so
No I'll never go away
Yes, I know what I feel to be right
No more lonely nights
Never be another
No more lonely nights
You're my guiding light
Day or night I'm always there
Fome
Barriga do homem
Não é sua casa
Dor
Peito do homem
Não é seu apart-hotel
Medo
Cabeça do homem
Não é sua praia
Infelicidade
A vida do homem
Não é seu metrô
Sai sai sai
Eu vou contar
Até três
E nunca mais
Sai sai sai
Dá licença m’
(Gilberto Gil)
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação
Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
(Jorge Ben e Toquinho)
Lá fora está chovendo
Mas assim mesmo eu vou correndo
Só prá ver o meu amor
Ela vem toda de branco
Toda molhada linda e despenteada, que maravilha
Que coisa linda que é o meu amor
Por entre bancários, jatomóveis, ruas e avenidas
Milhões de buzinas tocando em harmonia sem cessar
Ela vem chegando de branco, meiga pura linda e muito tímida
Com a chuva molhando o seu corpo lindo
Que eu vou abraçar
E a gente no meio da rua do mundo
No meio da chuva, a girar, que maravilha
Nova Iorque é ali
Tão perto daqui
O piloto sorri
Lá se vai o avião
Eles são o que rola
Eles fazem a moda
Nova Iorque é mais perto
Que o sertão
Nova Iorque é ali
Tão perto daqui
Oito horas de vôo
E ilusão
Nós pisamos na bola
Eles ganham em dólar
Nova Iorque é mais perto
Que o sertão
Crack, Rap, Hip-Hop, Rock
Walk, don't walk now
Ziriguidum tchan
Se a viagem nos faz
Brasileiros demais
Cucarachas gerais
Na multidão
Essa ilha sem paz
Não se importa jamais
Nova Iorque é mais perto
Que o sertão
Escondidos no fundo
Do umbigo do mundo
Joe nunca se encontra
Com joão
Eles não se interessam
Eles não se conversam
Nova Iorque é mais perto
Que o sertão
(Ronaldo Barcellos)
Foi bom te ver
Saber que você, é feliz
Impossível te esquecer
Lembrar você
Parece um dom
Foi um lindo amor
Pena não sobreviver
Quando a vida
Me iluminou
A minha luz
Era você
A namoradeira
No escuro da sala
Sonhando e beijando
De segunda a sexta
No fim de semana
De noite na Barra
Procurando vaga
De noite na Barra
Agora é cada um
Cada um
Love of my life, you've hurt me You've broken my heart, now you leave me. Love of my life can't you see,
Bring it back bring it back, Don't take it away from me, Because you don't know What it means to me.
Love of my life don't leave me, You've taken my love, you now desert me, Love of my life can't you see,
Bring it back bring it back, Don't take it away from me, Because you don't know What it means to me.
You will remember When this is blown over, And everythings all by the way, When I grow older, I will be there at your side, To remind you how I still love you I still love you.
Hurry back hurry back Don't take it away from me, Because you don't know What it means to me Love of my life Love of my life Yeah Farookh Bomi Bulsara * 5 de setembro de 1946, Zanzibar, na Tanzânia + 24 de novembro de 1991, Londres, Grã-Bretanha
Bia falou: ah, claro que eu vou
Clara ficou até o sol raiar
Dadá também saracoteou
Didi tomou o que era pra tomar
Ainda bem que Isa me arrumou
Um barco bom pra gente chegar lá
Lelê também foi e apreciou
O baticum lá na beira do mar
Aquela noite tinha do bom e do melhor
Tô lhe contando que é pra lhe dar água na boca
Veio Mané da Consolação
Veio o Barão de lá do Ceará
Um professor falando alemão
Um avião veio do Canadá
Monsieur Dupont trouxe o dossier
E a Benetton topou patrocinar
A Sanyo garantiu o som
Do baticum lá na beira do mar
Aquela noite
Quem tava lá na praia viu
E quem não viu jamais verá
Mas se você quiser saber
A Warner gravou
E a Globo vai passar
Bia falou: ah, claro que eu vou
Clara ficou até o sol raiar
Dadá também saracoteou
Didi tomou o que era pra tomar
Isso é que é, Pepe se chegou
Pelé pintou, só que não quis ficar
O campeão da Fórmula 1
No baticum lá na beira do mar
Aquela noite
Tinha do bom e do melhor
Só tô lhe contando que é pra lhe dar água na boca
Zeca pensou: antes que era bom
Mano cortou: brother, o que é que há?
Foi a G.E. quem iluminou
E a Macintosh entrou com o vatapá
O JB fez a crítica
E o cardeal deu ordem pra fechar
O Carrefour, digo, o baticum
Da Benetton, não, da beira do mar
(Raul Seixas) Hoje é domingo Missa e praia Céu de anil Tem sangue no jornal Bandeiras na Avenida Zil...
Lá por detrás da triste Linda zona sul Vai tudo muito bem Formigas que trafegam Sem porque...
E da janela Desses quartos de pensão Eu como vetor Tranqüilo eu tento Uma transmutação...
Oh! Oh! Oh! Seu Moço! Do Disco Voador Me leve com você Prá onde você for Oh! Oh! Oh! Seu Moço! Mas não me deixe aqui Enquanto eu sei que tem Tanta estrela por aí...
Andei rezando para Tótens e Jesus Jamais olhei pr'o céu Meu Disco Voador além...
Já fui macaco Em domingos glaciais Atlântas colossais Que eu não soube Como utilizar...
E nas mensagens Que nos chegam sem parar Ninguém, ninguém pode notar Estão muito ocupados Prá pensar...
(Djavan - Dominguinhos) Esse matagal sem fim Essa estrada, esse rio seco Essa dor que mora em mim Não descansa e nem dorme cedo O retrato da minha vida É amar em segredo Não quer saber de mim E eu vivendo da tua vida Deus no céu e você aqui A esperança é quem me abriga Esses campos não tardam em florir Já se espera uma boa colheita E tudo parece seguir Fazendo a vida tão direita Mas e você o que faz Que não repara no chão Por onde tem que passar E pisa em meu coração? O teu beijo em meu destino Era tudo o que eu queria Ser teu homem, teu menino O ser amado de todo dia.
(Vinícius de Moraes / Gerson Conrad) Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas, oh, não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada
E lá vou eu nessa estrada desafiando o coração cantando em prosa ou canção feito uma ave cantadeira Cantar, cantar, cantar viver, viver, viver criar penas de pássaro no ar voar, voar, voar sofrer, sofrer, sofrer amar, amar, amar você E lá vou eu nessa agonia levando a dor em minhas mãos fugindo igual a um bicho errante amargura coração Cantar, cantar, cantar sofrer, sofrer, sofrer voar, voar, sobreviver.
(Sivuca & Paulinho Tapajós) Era uma vez um tempo de pardais, de verde nos quintais Faz muito tempo atrás, quando ainda havia fadas No bonde havia um anjo pra guiar, outro pra dar lugar Pra quem chegar sentar, de duvidar, de admirar.
Havia frutos num pomar qualquer, de se tirar do pé No tempo em que os casais, podiam mais se namorar Nos lampiões de gás, sem os ladrões atrás Tempo em que o medo se chamou jamais.
Veio um marquês de uma terra já perdida E era uma vez se fez dono da vida Mandou buscar cem dúzias de avenidas Pra expulsar de vez as margaridas Por não ter filhos, talvez por nem gostar Ou talvez por mania de mandar.
Só sei que enquanto houver os corações Nem mesmo mil ladrões podem roubar canções E deixa estar que há de voltar O tempo dos pardais, do verde nos quintais Tempo em que o medo se chamou jamais.
Tell me why Why can't we live together Everybody wants to live together Why can't we be together No more war Just a little peace No more war all we want Is some peace in this world Everybody wants to live together Why can't we be together No matter what color You are still my brother I said no matter what color You are still my brother Everybody wants to live together Why can't we be together Everybody wants to live Everybodys got to be together Gotta live together Together!
(Caetano Veloso e Gilberto Gil) Eu quis cantar Minha canção iluminada de sol Soltei os panos sobre os mastros no ar Soltei os tigres e os leões nos quintais Mas as pessoas na sala de jantar São ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer De puro aço luminoso um punhal Para matar o meu amor e matei Às cinco horas na avenida central Mas as pessoas na sala de jantar São ocupadas em nascer e morrer
Mandei plantar Folhas de sonho no jardim do solar As folhas sabem procurar pelo sol E as raízes procurar, procurar
Mas as pessoas na sala de jantar Essas pessoas na sala de jantar São as pessoas da sala de jantar Mas as pessoas na sala de jantar São ocupadas em nascer e morrer
(Milton Nascimento - Ruy Guerra) Tenho nos olhos quimeras Com brilho de trinta velas Do sexo pulam sementes Explodindo locomotivas Tenho os intestinos roucos Num rosário de lombrigas Os meus músculos são poucos Pra essa rede de intrigas Meus gritos afro-latinos Implodem, rasgam, esganam E nos meus dedos dormidos A lua das unhas ganem E daí? Meu sangue de mangue sujo Sobe a custo, a contragosto E tudo aquilo que fujo Tirou prêmio, aval e posto Entre hinos e chicanas Entre dentes, entre dedos No meio destas bananas Os meus ódios e os meus medos E daí? Iguarias na baixela Vinhos finos nesse odre E nessa dor que me pela Só meu ódio não é podre Tenho séculos de espera Nas contas da minha costela Tenho nos olhos quimeras Com brilho de trinta velas E daí?
(Cazuza e Gilberto Gil) São 7 horas da manhã Vejo Cristo da janela O sol já apagou sua luz E o povo lá embaixo espera Nas filas dos pontos de ônibus Procurando aonde ir São todos seus cicerones Correm pra não desistir Dos seus salários de fome É a esperança que eles têm Neste filme como extras Todos querem se dar bem
Num trem pras estrelas Depois dos navios negreiros Outras correntezas
Estranho o teu Cristo, Rio Que olha tão longe, além Com os braços sempre abertos Mas sem proteger ninguém Eu vou forrar as paredes Do meu quarto de miséria Com manchetes de jornal Pra ver que não é nada sério Eu vou dar o meu desprezo Pra você que me ensinou Que a tristeza é uma maneira Da gente se salvar depois
Num trem pras estrelas Depois dos navios negreiros Outras correntezas
Agenor de Miranda Araújo Neto * - 04/04/1958 + - 07/07/1990
Outra vez você deixa o cais
Meu amor é o sabor das marés
Eu te quis, eu te quero mar
Mas não deixe secar os meus pés
As canções acredite ou não
Vão dizer onde o sol se escondeu
E depois que a luz te fizer chegar
Tenha sonhos de não se esquecer
E tudo é mistério e sal
Histórias, histórias meu mundo real
Hum! Venta um silêncio bom
Não precisa dizer
Que não vem
– Olá! Como vai? – Eu vou indo. E você, tudo bem? – Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E você? – Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo... Quem sabe? – Quanto tempo! – Pois é, quanto tempo! – Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios! – Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem! – Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí! – Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe? – Quanto tempo! – Pois é...quanto tempo! – Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas... – Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança! – Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente... – Pra semana... – O sinal... – Eu procuro você... – Vai abrir, vai abrir... – Eu prometo, não esqueço, não esqueço... – Por favor, não esqueça, não esqueça... – Adeus! – Adeus! – Adeus!
Eu preciso te falar Te encontrar De qualquer jeito Pra sentar e conversar Depois andar De encontro ao vento Eu preciso respirar O mesmo ar que te rodeia E na pele quero ter O mesmo sol Que te bronzeia Eu preciso te tocar E outra vez Te ver sorrindo Te encontrar num sonho lindo Já não dá mais pra viver Um sentimento sem sentido Eu preciso descobrir A emoção de estar contigo Ver o sol amanhecer E ver a vida acontecer Como um dia de domingo Faz de conta que Ainda é cedo Tudo vai ficar Por conta da emoção Faz de conta que Ainda é cedo E deixar falar a voz do coração
(Ferreira Gullar - Fagner) Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta. Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente. Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem. Traduzir uma parte na outra parte — que é uma questão de vida ou morte — será arte?
(Patinhas / Capenga) À noite e a cidade parece que some Perdida no sono dos sonhos dos homens Que vão construindo com fibras de vidro Com canções de infância, com tempo perdido Um grande cartaz um painel de aviso Um sinal de amor e de perigo
Há tempo em que a terra parece que some Em meio a alegria e tristeza dos homens Que olham pros campos pros mares cidades Pras noites vazias, pra felicidade Com o mesmo olhar de quem grita no escuro O melhor foi feito no futuro
Enquanto o amor for pecado eo trabalho um fardo Pesado passado presente mal dado As flores feridas se curam no orvalho Mas os homens sedentos não encontram regato Que banhe seu corpo e lave sua alma O desejo é forte mas não salva
Enquanto a tristeza esmagar o peito da terra E a saudade afastar as pessoas partindo pra guerra Nós vamos perdendo um tempo profundo A força da vida o destino do mundo O segredo que o rio entrega pra serra Haverá um homem no céu e deuses na terra
(Dado Villa-Lobos - Renato Russo - Renato Rocha) Tenho andado distraído Impaciente e indeciso E ainda estou confuso Só que agora é diferente Estou tão tranqüilo E tão contente...
Quantas chances desperdicei Quando o que eu mais queria Era provar pra todo o mundo Que eu não precisava Provar nada pra ninguém
Me fiz em mil pedaços Pra você juntar E queria sempre achar Explicação pro que eu sentia Como um anjo caído Fiz questão de esquecer Que mentir pra si mesmo É sempre a pior mentira
Mas não sou mais Tão criança, A ponto de saber tudo...
Já não me preocupo Se eu não sei por que Às vezes o que eu vejo Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe Quase sem querer Que eu vejo O mesmo que você...
Tão correto e tão bonito O infinito é realmente Um dos deuses mais lindos Sei que às vezes uso Palavras repetidas Mas quais são as palavras Que nunca são ditas?
Me disseram que você Estava chorando E foi então que eu percebi Como lhe quero tanto...
Milton Nascimento - Hoje É Dia De El Rey (Milton Nascimento e Márcio Borges)
Filho – Não pode o noivo mais ser feliz Não pode viver em paz com seu amor Não pode o justo sobreviver Se hoje esqueceu o que é bem-querer Rufai tambores saudando El Rey Nosso amo e senhor e dono da lei Soai clarins pois o dia do ódio E o dia do não são por El Rey
Pai – Filho meu ódio você tem Mas El Rey quer viver só de amor Sem clarins e sem mais tambor Vá dizer: nosso dia é de amor
Filho – Juntai as muitas mentiras Jogai os soldados na rua Nada sabeis desta terra Hoje é o dia da lua
Pai – Filho meu cadê teu amor Nosso Rey está sofrendo a sua dor
Filho – Leva daqui tuas armas Então cantar poderia Mas nos teus campos de guerra Hoje morreu a poesia
Ambos – El Rey virá salvar...
Pai – meu filho você tem razão Mas acho que não é em tudo Se o mundo fosse o que pensa Estava no mesmo lugar Pai você não tinha agora E hoje pior ia estar
Filho – Matai o amor, pouco importa Mas outro haverá de surgir O mundo é pra frente que anda Mas tudo está como está Hoje então e agora Pior não podia ficar
Ambos – Largue seu dono e procure nova alegria Se hoje é triste e saudade pode matar Vem, amizade não pode ser com maldade Se hoje é triste a verdade Procure nova poesia Procure nova alegria Para amanhã...
(Guinga - Aldir Blanc) Meu catavento tem dentro o que há do lado de fora do teu girassol Entre o escancaro e o contido, eu te pedi sustenido e você riu bemol Você só pensa no espaço, eu exigi duração Eu sou um gato de subúrbio, você é litorânea
Quando eu respeito os sinais vejo você de patins vindo na contramão Mas quando ataco de macho, você se faz de capacho e não quer confusão Nenhum dos dois se entrega, nós não ouvimos conselho Eu sou você que se vai no sumidouro do espelho
Eu sou do Engenho de Dentro e você vive no vento do Arpoador Eu tenho um jeito arredio e você é expansiva, o inseto e a flor Um torce pra Mia Farrow, o outro é Woody Allen Quando assovio uma seresta você dança havaiana
Eu vou de tênis e jeans, encontro você demais, scarpin, soiré Quando o pau quebra na esquina, cê ataca de fina e me ofende em inglês É fuck you, bate bronha e ninguém mete o bedelho Você sou eu que me vou no sumidouro do espelho
A paz é feita num motel de alma lavada e passada Pra descobrir logo depois que não serviu pra nada Nos dias de carnaval aumentam os desenganos Você vai pra Parati e eu pro Cacique de Ramos
Meu catavento tem dentro o vento escancarado do Arpoador Teu girassol tem de fora o escondido do Engenho de Dentro da flor Eu sinto muita saudade, você é contemporânea Eu penso em tudo quanto faço, você é tão espontânea
Sei que um depende do outro só pra ser diferente, pra se completar Sei que um se afasta do outro, no sufoco, somente pra se aproximar Cê tem um jeito verde de ser e eu sou meio vermelho Mas os dois juntos se vão no sumidouro do espelho
Eu tava triste Tristinho! Mais sem graça Que a top-model magrela Na passarela Eu tava só Sozinho! Mais solitário Que um paulistano (Que um vilão De filme mexicano) Que um canastrão Na hora que cai o pano Tava mais bôbo Que banda de rock Que um palhaço Do circo Vostok...
Mas ontem Eu recebi um Telegrama Era você de Aracaju Ou do Alabama Dizendo: Nêgo sinta-se feliz Porque no mundo Tem alguém que diz: Que muito te ama! Que tanto te ama! Que muito muito te ama, que tanto te ama!... Por isso hoje eu acordei Com uma vontade danada De mandar flores ao delegado De bater na porta do vizinho E desejar bom dia De beijar o português Da padaria...
Mama! Oh Mama! Oh Mama! Quero ser seu! Quero ser seu! Quero ser seu! Quero ser seu papa!
A solidão é fera, a solidão devora. É amiga das horas prima irmã do tempo, E faz nossos relógios caminharem lentos, Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera, É amiga das horas, É prima-irmã do tempo, E faz nossos relógios caminharem lentos Causando um descompasso no meu coração.
A solidão dos astros; A solidão da lua; A solidão da noite; A solidão da rua.
Atrás do arranha-céu tem o céu, tem o céu Depois tem outro céu sem estrelas Em cima do guarda-chuva tem a chuva, tem a chuva Que tem gotas tão lindas que até dá vontade de comê-las
No meio da couve-flor tem a flor, tem a flor Que além de ser uma flor tem sabor E dentro do porta-luva tem a luva, tem a luva Que alguém de unhas negras e tão afiadas se esqueceu de por
No fundo do pára-raio tem o raio, tem o raio Que caiu da nuvem negra do temporal E todo quadro-negro é todo negro, é todo negro Eu escrevo o seu nome nele só pra demonstrar o meu apego
O bico do beija-flor beija a flor, beija a flor E toda a fauna a flora grita de amor Quem segura o porta-estandarte tem arte, tem arte Aqui passa com raça eletrônico maracatu atômico
Shed a tear 'cause I'm missing you I'm still alright to smile Oh, I think about you every day now! Was a time when I wasn't sure You set my mind at ease There is no doubt you're in my heart now Said, "Sugar, take it slow and it'll work itself out fine All we need is just a little patience" Said, "Sugar, make it slow and we'll come together fine All we need is just a little patience"
I sit here on the stairs 'cause I'd rather be alone' I can't have you right now so I'll wait you Sometimes I get so tense, but I can't speed up the time But you know, love, there's one more thing to consider Said, "Sugar, take it slow... things will be just fine If you and I'll just use a little patience" Said, "Sugar, take the time 'cause the lights are shining bright' You and I've got what it takes to make it We won't fake it
Said "Sugar, take it slow... things will be just fine If you and I'll just use a little patience" Said "Sugar, take the time 'cause the lights are shining bright' You and I've got what it takes to make it
(Affonsinho)
Vagalumes lá no breu do céu
Tanta estrela no riacho e eu
Feito um sapo solitário até
Quase louco atrás de um beijo seu
Tanto apartamento pra alugar
Nosso casamento pra acontecer
Um chá de panela pra esquentar
Nosso amor e nosso bem-querer
Vê se cabe no fundo da panela
Uma ponta do mel do seu cabelo
Um azul de voar pela janela
Uma letra de canção de amor
Sorte e giz de jogar amarelinha
Pó de chuva de molhar devagarinho
Caracol de carregar a nossa cama
Na montanha do nosso caminho
Vagalumes lá no breu do céu . . .
Vê se casa no nosso casamento
Uma lata igual a do poeta
A resposta que voa pelo vento
Duas asas de andar de bicicleta
Zigue ziguezigue, bailado de libélula
Chocolate, uva doce e casadinho
Uma gota do sol na nossa vela
E uma brisa da flor do seu cheirinho
Vagalumes lá no breu do céu . . .
Whatever happened to my garden of black roses Oh nurturing years of so long Whatever happened to my garden of black roses They say a stranger treated them wrong
When I was a boy I planted a garden yeah That meant so much to me One of reality A garden of love none like this before me One of a kind equality A prayer for you and me
If we can keep the candles burning To shelter them from pain and let them live again
Shower the world with their innocence Who's tears felt like rain, history remains the same
But one by one they come up missing Strangers thought that I was sleeping Some life somelife means nothing to some Watch out now we've got them on the run
(Caetano Veloso)
Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
O antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho!
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
...
Algumas músicas só fazem sucesso em determinado círculo quando interpretadas por um "figurão".
Quando tento definir essa situação, por mais que eu busque, não consigo achar palavra mais adequada que preconceito.
Neste Blog, não por coincidência, mas como um tipo de provocação, além de "Sozinho" há outros exemplos : O Que Me Importa (Cury) Marisa Monte Você Não Me Ensinou a Te Esqecer (Fernando Mendes) Caetano Veloso.
Poderia ainda citar:
Sonhos (Peninha) Caetano Veloso,
Devolva-me (Renato Barros / Lilian Knapp) Adriana Calcanhoto
E por aí vai...
(Trilha sonora do filme "Lisbela e o Prisioneiro") Eu quero a sina do artista de cinema Eu quero a cena Onde eu possa brilhar Um brilho intenso, Um desejo, Eu quero o beijo, Um beijo imenso Onde eu possa me afogar.
Eu quero ser o matador das cinco estrelas Eu quero ser o Bruce Lee do Maranhão A Patativa do Norte, Eu quero a sorte Eu quero a sorte do chofer de caminhão; Pra me danar por essa estrada, mundo afora Ir embora, Sem sair do meu lugar.
Ser o primeiro, ser um rei, eu quero um sonho Moça-donzela, mulher-dama, ilusão, Na minha vida tudo vira brincadeira, A matinê verdadeira, Domingo e televisão. Eu quero um beijo de cinema americano Fechar os olhos, fugir do perigo Matar bandido e prender ladrão. A minha vida vai virar novela.
Eu quero amor Eu quero amar Eu quero o amor de Lisbela Eu quero o mar e o sertão.
(Caetano Veloso) Não vejo mais você faz tanto tempo Que vontade que eu sinto De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços É verdade, eu não minto
E nesse desespero em que me vejo Já cheguei a tal ponto De me trocar diversas vezes por você Só pra ver se te encontro
Você bem que podia perdoar E só mais uma vez me aceitar Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la
Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer Você só me ensinou a te querer E te querendo eu vou tentando te encontrar Vou me perdendo Buscando em outros braços seus abraços Perdido no vazio de outros passos Do abismo em que você se retirou E me atirou e me deixou aqui sozinho
(Pablo Milanes) El tiempo pasa Nos vamos poniendo viejos Yo el amor No lo reflejo como ayer En cada conversación Cada beso cada abrazo Se impone siempre un pedazo De razón
Passam os anos E como muda o que eu sinto O que ontem era amor Vai se tornando outro sentimento Porque anos atrás Tomar tua mão, roubar-te um beijo Sem forçar o momento Fazia parte de uma verdade ...
Vamos viviendo Viendo las horas Que van pasando Las viejas discusiones Se van perdiendo Entre las razones Porque años atrás Tomar tú mano Robarte un beso Sin forzar el momento Hacía parte de una verdad
Porque el tiempo pasa Nos vamos poniendo viejos Yo el amor No lo reflejo como ayer En cada conversación Cada beso cada abrazo Se impone siempre un pedazo De razón
A todo dices que sí A nada digo que no Para poder construir Esta tremenda armonía Que pone viejo los corazones
Porque el tiempo pasa Nos vamos poniendo viejos Yo el amor No lo reflejo como ayer En cada conversación Cada beso cada abrazo Se impone siempre un pedazo De temor
Quer me deixar Não sei porque Deixa eu pensar Pra sei lá, ver O que fazer Pra você ficar...
Sem seu amor A vida passa em vão Se você for O que é de vidro quebra No meu coração Seu olhar é lindo Ver você sorrindo É demais Por favor não faz. Me dizer adeus Vai me botar a perder
Tenha calma Não se vá meu pop star, Tenha fé Te prometo vir a ser Do jeito que você quer Um amor de mulher
É só de ninar E de desejar que a luz do nosso amor Matéria prima dessa canção Fique a brilhar E é pra você e pra todo mundo que quer trazer assim A paz no coração Meu pequeno amor E de você me lembrar Toda vez que a vida mandar olhar pro céu Estrela da manhã Meu pequeno grande amor Que é você Gabriel Pra poder ser livre Como a gente quis Quero te ver feliz
Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher Sou a mesa e as cadeiras deste cabaré Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo Sou a febre que lhe queima mas você não deixa Sou a sua voz que grita mas você não aceita O ouvido que lhe escuta quando as vozes se ocultam Nos bares, nas camas, nos lares, na lama Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo O que sempre esteve vivo, mas nem sempre atento O que nunca lhe fez falta, o que lhe atormenta e mata Sou o certo, sou o errado, sou o que divide O que não tem duas partes, na verdade existe Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem