quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
Hoje é Dia de El Rey - Além Disso
(Milton Nascimento e Márcio Borges)
Filho – Não pode o noivo mais ser feliz
Não pode viver em paz com seu amor
Não pode o justo sobreviver
Se hoje esqueceu o que é bem-querer
Rufai tambores saudando El Rey
Nosso amo e senhor e dono da lei
Soai clarins pois o dia do ódio
E o dia do não são por El Rey
Pai – Filho meu ódio você tem
Mas El Rey quer viver só de amor
Sem clarins e sem mais tambor
Vá dizer: nosso dia é de amor
Filho – Juntai as muitas mentiras
Jogai os soldados na rua
Nada sabeis desta terra
Hoje é o dia da lua
Pai – Filho meu cadê teu amor
Nosso Rey está sofrendo a sua dor
Filho – Leva daqui tuas armas
Então cantar poderia
Mas nos teus campos de guerra
Hoje morreu a poesia
Ambos – El Rey virá salvar...
Pai – meu filho você tem razão
Mas acho que não é em tudo
Se o mundo fosse o que pensa
Estava no mesmo lugar
Pai você não tinha agora
E hoje pior ia estar
Filho – Matai o amor, pouco importa
Mas outro haverá de surgir
O mundo é pra frente que anda
Mas tudo está como está
Hoje então e agora
Pior não podia ficar
Ambos – Largue seu dono e procure nova alegria
Se hoje é triste e saudade pode matar
Vem, amizade não pode ser com maldade
Se hoje é triste a verdade
Procure nova poesia
Procure nova alegria
Para amanhã...
A letra dessa canção foi feita por Márcio Borges. É uma homenagem ao músico Dorival Caymmi. Seria gravada por Milton Nascimento e por Caymmi. Seria um dueto, como uma conversa entre pai e filho. No entanto a letra foi vetada pela censura do governo militar. Milton resolveu gravá-la no álbum “Milagre dos Peixes” (1973) sem a letra, somente com a fala: “Meu filho...”, na voz do cantor Sirlan.
Essa e outras histórias são relatadas no excelente livro de autoria de Márcio Boreges chamado “Os Sonhos Não Envelhecem – Histórias do Clube da Esquina”.
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